Esse assunto já foi exaustivamente abordado neste blog. Oportunamente
a edição de n.º 143 da revista MOTO ADVENTURE traz a partir da página 226 uma
excelente matéria abordando o tema, agora sobre outro foco. Achei por bem mais
uma vez abordar este assunto que é de extrema importância para nós que vamos
passar pela experiência de viajar por mais de 10.000 km em grupo de 10
motociclistas. Acredito sinceramente que o bom acolhimento dos ensinamentos de
pessoas que passaram por esta experiência irá nos ajudar muito a fazer com que
nossa expedição seja um sucesso!
Já tive oportunidade de viajar com vários motociclistas, do
meu moto grupo, de outros moto grupos e pude experimentar o que é conduzir em
grupos, não é fácil, mas também é possível com a colaboração e o esforço de
cada membro fazê-lo com segurança quando todos nós atemo-nos a um conjunto de
regras pré-determinadas e baseadas em cada tipo de estradas e particularidades
de cada região – trafego intenso, condições das estradas, condições
climatológicas, etc.
Um grupo precisa estar organizado de maneira a que quem nos
vê perceba que estamos conduzindo de maneira segura, organizada e respeitando
as leis de trânsito sem, contudo prejudicar a fluidez do trânsito no local. E
necessário que os membros do grupo estejam em pares, não paralelamente, mas em
diagonal, ou seja: tipo “pegadas” ocupando uma única faixa de rolamento e cada
par deve manter uma distância razoável dos pares que vão à frente e atrás para que
ao aproximar outro veículo mais rápido que nosso grupo, este veículo possa
ultrapassar de par em par até que consiga superar todo o grupo com segurança.
Cada par deve ser composto por um motociclista mais
experiente e outro menos experiente de tal modo que o mais experiente se
posicione à frente e à esquerda da faixa que está sendo utilizada enquanto o
outro deve estar na sua diagonal qual seja um pouco atrás e como dito, cada par
com uma razoável distância dos pares que vão à frente e atrás. Essa distância
segura deve ser aumentada ou diminuída em função da velocidade e das condições
de tempo e estradas. A posição dos pares pode se inverter, caso seja viável.
Algumas razões para esse tipo de formação “pegadas”:
- Obtem-se melhor posicionamento;
- Permite que ambos tenham visão um do outro;
- Serão vistos de longe, tanto pela frente quanto
pelas costas;
- Formam uma massa maior e mais fácil de ser
visualmente identificada por outros usuários;
- Facilidade de mudar de trajetória sem contudo um
interferir um na trajetória do outro;
- Se estivermos de par em par, um na diagonal do
outro isso permite que ambos tenhamos plena visão à frente;
O papel do líder “ponteiro” é estabelecer o ritmo da estrada
e sinalizar qualquer procedimento significativo ou pré-estabelecido pelo grupo,
o papel dos pares intermediários é tão somente acompanhar o ritmo e as decisões
do líder. Ao longo da viagem o líder pode (e deve) ceder sua posição ao
motociclista menos experiente para que este possa mostrar sua capacidade e conseqüentemente
descansar o líder da atenção redobrada que a posição exige.
Quanto mais motociclistas estiverem viajando juntos, mais
lento será o deslocamento. Por isso é muito importante que nossas paradas sejam
programadas e rápidas. Um bloco de motociclistas sem a observação das distâncias
entre cada par acaba por não oferecer condição de ultrapassagens de outros
usuários da rodovia o que acaba por afetar o tráfego e a imagem do
motociclismo.
A separação entre cada par de motociclistas é de
aproximadamente 02 (dois) segundos de distância, esse é o tempo médio que cada
pessoa necessita para reagir a um evento inesperado. Isso se justifica caso
haja um eventual incidente que acarrete colisões posteriores. Para saber qual é
a distância em segundos que separa um par do outro, basta você notar um ponto
fixo no solo e contar mentalmente dois segundos até que você atinja aquele
ponto, ai sim está em distância segura.
Vamos imaginar que um automóvel aproxima-se do grupo
compacto (sem observar as regras acima) numa pista com muitas curvas e
desenvolvendo médias de velocidade inferiores a da estrada, neste caso não
haverá oportunidade para ultrapassagem pois o comprimento do grupo inviabiliza
essa ultrapassagem, Veja que imagem nós motociclistas estamos projetando,
devemos observar sempre que não devemos prejudicar a imagem do motociclismo,
estejamos atentos. Somos cidadãos e temos os mesmos direitos que os demais
usuários, por isso precisamos respeitar para sermos respeitados. Em caso de
conflito com outros usuários seremos sempre a parte mais fraca, então por que
criar esse tipo de situação?!
Uma viagem pode render muito mesmo sem “correria”, mas é
sempre bom sabermos que não estamos sós na estrada, creio que devemos manter
velocidades compatíveis com o local. Quando formos ultrapassar um veículo mais
lento que vai à nossa frente é necessário que cada par proceda juntos a
ultrapassagem, como se cada par fosse um único veículo utilizando toda a faixa
contrária, isso nos dará uma melhor interação com o motorista que está sendo
ultrapassado para que este perceba que este mesmo procedimento será feito por
todos e com isso possa até facilitar a ultrapassagem.
Com a observação destas regras é perfeitamente viável criar
um ambiente seguro para motoristas e motociclistas e com isso a expedição possa
aproveitar cada segundo desta aventura que certamente será maravilhosa para
todos nós.